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Bombeiros isolam área do supermercado Tatico tomada por fogo

A área atingida por um incêndio em Ceilândia ficará isolada por 72h e ninguém, além dos bombeiros e da Defesa Civil, terá acesso ao local.   O fogo, que   atingiu o depósito do supermercado Tatico na tarde da última  segunda-feira, na QNN 1, foi completamente controlado  durante a madrugada. A cada 24h haverá avaliações para verificar o comportamento do térreo. 
O estabelecimento ocupa 3,3 mil metros quadrados de área pública há mais de 20 anos, e vem descumprindo as ordens de interdição. O mesmo aconteceu ontem, quando, mesmo depois do incidente no depósito, o mercado foi aberto.
Na manhã de ontem, muita fumaça ainda podia ser vista no local, mas, segundo os militares, era causada pelo resfriamento do concreto. Não há informações sobre feridos e, segundo a Defesa Civil, a estrutura de 500 metros quadrados não corre risco de desabamento total.
Inflamáveis
O fogo atingiu a parte superior do galpão que armazenava produtos vendidos no supermercado, a aproximadamente 50 metros de distância. Havia fraldas, fósforos, palha de aço, álcool e papéis, o que pode ter contribuído para o alastramento das chamas. 
“O material que queimava no primeiro pavimento era altamente inflamável. Com o vento forte, o fogo se espalhou”, explicou o major   Leomax Júnior, supervisor da operação. 
A energia das proximidades  foi religada às 10h de ontem. No galpão, não há previsão para que a eletricidade seja retomada. Segundo o major Gervásio Santos, as equipes estariam fazendo o resfriamento da estrutura para, posteriormente, fazer o rescaldo – tirar os escombros debaixo e colocá-los em cima: “Só com o resfriamento poderemos entrar e verificar os danos ao local e possíveis vítimas”. 
Ênio Tatico, um dos donos da rede de supermercados, avisou que o circuito interno não foi danificado e está em análise. Segundo ele, “as câmeras pegaram uma movimentação suspeita”, mas não quis citar nomes ou identificar quem viu. Nenhum funcionário está desaparecido.
Os bombeiros, no entanto, trabalham com a hipótese de que pode haver vítimas. “Alguém não autorizado pode ter entrado no local”, afirmou Leomax. 
Paredes podem desabar, mas base não está abalada
Há paredes no andar superior que estão comprometidas e podem desabar. É o que afirma o major Leomax Júnior, que explica que a estrutura cedeu apenas de um lado e o outro ainda poderia cair. “A preocupação é que o peso possa afetar de alguma forma, mas a base não está abalada porque o aquecimento não foi suficiente para isso”, garantiu o bombeiro.
 Como precaução, a Defesa Civil solicitou a evacuação dos prédios dos Correios e da Receita Tributária, próximos à área de risco. Sérgio Bezerra, subsecretário de Operações da pasta, explicou que “o primeiro pavimento está, sim, comprometido, mas, a princípio, a estrutura do térreo não foi afetada”. Isso porque o fogo não chegou à parte inferior.
Para Leomax, supervisor da ação dos bombeiros, “a vantagem deste galpão e da forma que foi construído é que, por ser concretado, o fogo demora muito a passar de um pavimento a outro. Se fosse de madeira, como é comum, estaria completamente no chão”. 
Produtos vão à análise
As mercadorias que estavam na área não atingida estão, aparentemente, intactas. Ainda assim, o auditor da Vigilância Sanitária, Sandro Souza Cardoso, foi ao local  para verificar a situação dos produtos. Agora, os representantes do mercado apresentarão uma lista com os itens presentes no galpão. “Analisaremos por amostragem, priorizando o que for perecível”, explicou.
 Só o laudo, que deve sair em 30 dias, poderá determinar se os alimentos podem ser consumidos. Entre eles, há leite, arroz e milho, que podem ter sido alterados pela  água e fumaça. 
Apesar de conter alimentos e produtos de limpeza, o major Leomax explica que “a fumaça não é tóxica, mas asfixiante. O que persiste não vêm da queimada, mas do concreto aquecido”.  Por causa do odor, os oficiais alertaram os moradores próximos a deixar o local. 
Reforma
Após a conclusão das atividades dos bombeiros, engenheiros da empresa e da Defesa Civil avaliarão a estrutura do galpão a respeito do risco de desabamento. Só então será definido se o prédio passará por reforma ou se será reconstruído do zero. 
Alvará cassado
O supermercado Tatico teve o alvará de funcionamento cassado   em setembro do ano passado, por ocupação de área pública. Dos nove mil metros quadrados construídos, pouco mais de um terço está em área pública. Entretanto, Ênio Tatico, um dos donos, garante que o depósito está com documentação em dia e que não se trata de invasão. O prejuízo ainda não foi mensurado.
A volta  para casa
Os moradores dos arredores puderam voltar às residências ainda na noite de segunda-feira, mas quem fez o trajeto de carro encontrou dificuldades. Os setores situados nas redondezas ficaram sem energia por 18 horas e, segundo a população, houve prejuízo de produtos armazenados nas geladeiras. A preocupação da  advogada Érica Linhares (foto), 28 anos, que mora em um prédio vizinho, era que o fogo atingisse os dois botijões de gás que ficam na parte externa do edifício que contém 64 apartamentos.
Memória
Há pouco mais de um mês, outro incêndio de grandes proporções atingiu quatro galpões de uma loja de móveis no Setor de Indústrias de Taguatinga Norte, ao lado da Feira dos Goianos. A área foi   evacuada após o incêndio e a energia foi cortada, mas ninguém ficou ferido.
Pense nisso
 Nem sempre as medidas preventivas tomadas pelas empresas, e nas próprias casas, são suficientes para evitar incêndios. O que chama a atenção neste caso de Ceilândia, porém, é que o estabelecimento não tem alvará de funcionamento. O documento é emitido após vistorias do Corpo de Bombeiros e o local deve cumprir uma série de exigências. No fim das contas, é possível que, apesar de irregular, o mercado estivesse de acordo com procedimentos básicos. Enquanto o laudo não sai, fica a dúvida.

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